segunda-feira, 23 de abril de 2007

NOSSAS MÁSCARAS


PERGUNTAIS COMO ME TORNEI LOUCO.
Aconteceu assim:
um dia, muito tempo antes
de muitos deuses terem nascido,
despertei de um sono profundo e notei que todas
as minhas máscaras tinham sido roubadas
- as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas -
e corri sem máscara pelas
ruas cheias de gente, gritando:
"Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"


Homens e mulheres riram de mim e alguns correram
para casa, com medo de mim E quando cheguei à
praça
do mercado, um garoto trepado no telhado de uma
casa gritou: "É um louco!".


Olhei para cima, pra vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e
minha alma inflamou-se de amor pelo sol,
e não desejei mais minhas máscaras. E, como num
transe, gritei:

"Benditos, bendito os ladrões
que roubaram minhas máscaras!" Assim me tornei louco.

E encontrei tanto liberdade como segurança em
minha loucura:
a e a segurança de não ser compreendido, pois
aquele desigual
que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.


Kalil Gibran

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

CONHECENDO NOSSOS "EUS"...



OBJETIVO DO ENEAGRAMA

Descobrir qual dentre os nove tipos de personalidade nos pertence pode ser como uma revolução.

Pela primeira vez na vida, temos a oportunidade de conhecer o padrão e a lógica subjacente ao modo como vivemos e agimos. Porém, ao chegar a determinado ponto, o conhecimento de nosso tipo se incorpora à nossa auto-imagem e pode transformar-se em obstáculo à continuação de nosso crescimento.

Com efeito, alguns estudiosos do Eneagrama ficam presos demais ao seu tipo e personalidade, dizendo:” Claro que eu entro em paranóia! Afinal, sou do tipo Seis” ou “ Você sabe como somos nós do Tipo Sete; não conseguimos ficar parados!” Justificar atitudes questionáveis ou adotar uma identidade mais rígida é usar mal o Eneagrama.

Porém, ajudando-nos a ver como estamos presos a nossas ilusões e o quanto nos afastamos de nossa natureza Essencial, o Eneagrama nos convida a desvendar o mistério de nossa verdadeira identidade. Ele se destina a iniciar um processo de questionamento que pode levar-nos a uma verdade mais profunda sobre nós e sobre nosso lugar no mundo. Entretanto, se usarmos o Eneagrama simplesmente para atingir uma auto-imagem melhor, interrompemos o processo de descoberta(ou melhor, de resgate) de nossa verdadeira natureza. Se conhecendo nosso tipo obtemos informações importantes, elas devem ser apenas o ponto de partida para uma jornada muito maior. Em resumo, saber qual o nosso tipo não é o nosso destino final.

O objetivo deste trabalho é interromper as reações automáticas da personalidade por meio da conscientização. Só distinguindo e compreendendo os mecanismos da personalidade poderemos despertar. Quanto mais percebermos as reações mecânicas de nossa personalidade, menor a nossa identificação com elas e maior a nossa liberdade. É disso que trata o Eneagrama.

INFORMAÇÕES QUE DEVEMOS NOS LEMBRAR SEMPRE EM RELAÇÃO AOS TIPOS

Embora todos tenhamos uma mistura de vários tipos em nossa personalidade como um todo, há um determinado padrão ou estilo que é nossa “base” e ao qual retornamos sempre. Nosso tipo básico permanece o mesmo no decorrer da vida.
As pessoas podem mudar e desenvolver-se de muitas maneiras, mas não passam de um tipo de personalidade a outro.

B) As descrições dos tipos de personalidade são universais e aplicam-se tanto a homens quanto a mulheres. Evidentemente, as pessoas expressam os mesmos traços, atitudes e tendências de modo um tanto diferente, mas as questões básicas do tipo permanecem as mesmas.

C) Nem tudo na descrição de seu tipo básico se aplicará a você todo o tempo. Isso ocorre porque nós constantemente transitamos entre os traços saudáveis, médios e não saudáveis que compõe nosso tipo de personalidade. Lembrando que o amadurecimento e o stress podem influir significativamente sobre nossa forma de expressar o tipo a que pertencemos.

D) Embora tenhamos atribuído a cada tipo um título descritivo (como Perfeccionista, Aventureiro, etc) na prática preferimos utilizar o número correspondente no Eneagrama. Os números são neutros –são um modo de referência rápida e não preconceituosa aos tipos. Além disso, a seqüência numérica dos tipos não é significativa: tanto faz pertencer a um tipo de número menor quanto a um de número maior.(Por exemplo, não é melhor ser do tipo Nove que do tipo Um).

E) Nenhum tipo de personalidade é melhor ou pior que os demais – todos têm pontos fortes e fracos, todos têm trunfos e desvantagens específicos. O que pode acontecer é que determinados tipos sejam mais valorizados que outros numa dada cultura ou grupo. À medida que você aprender mais sobre todos eles, verá que, da mesma forma que cada um tem qualidades intrínsecas, tem também limitações características.

F) Independente de qual seja o seu tipo, você tem em si, até certo ponto, algo dos nove tipos. Cultiva-los em ação é ver em si mesmo tudo que pode haver na natureza humana. Essa conscientização o levará a uma maior compreensão e compaixão pelos seus semelhantes, pois o fará reconhecer em si próprio várias facetas dos hábitos e reações deles. Será mais difícil condenarmos a agressividade do Tipo Oito ou a carência disfarçada do Tipo Dois , por exemplo, se estivermos atentos à agressividade e à carência que existem em nós mesmos. Investigando os nove tipos que há em você, você verá que eles são tão interdependentes quanto o símbolo do Eneagrama os representa.

G) O fato de sabermos qual o nosso tipo ou o de outra pessoa pode nos revelar coisas muito importantes, mas não nos diz tudo. O tipo em si não diz nada da história, da inteligência, do talento, da honestidade, da integridade, do caráter da pessoa nem muitos outros fatores referentes a ela. Por outro lado, ele nos diz muita coisa acerca da forma como vemos o mundo, nossas escolhas mais prováveis, nossos valores, nossas motivações, nossas reações, nosso comportamento em situações de stress e várias outras coisas importantes.

UMA COMPARAÇÃO DE GURDJIEFF SOBRE O HOMEM

Sabemos que o homem é uma organização complexa. É formado de quatro partes que podem estar ligadas, não ligadas ou mal ligadas. Comparando-o a uma carruagem, ficaria da seguinte forma:

COCHEIRO = Intelecto/Mente

CAVALO = Emoções/Emocional

CARRUAGEM = Corpo/Físico

AMO = Ser Interno/Eu Real

A carruagem está ligada pelos varais, o cavalo ao cocheiro pelas rédeas e o cocheiro a seu amo pela voz de seu amo.

Mas o cocheiro deve ouvir e compreender a voz do amo deve saber conduzir; e o cavalo deve ser treinado para obedecer às rédeas.

O trabalho em nós deve começar pelo cocheiro. O cocheiro é o intelecto. A fim de poder ouvir a voz do amo (Ser Interno, Eu Real), o cocheiro, antes de tudo, não deve estar adormecido, deve estar desperto, atento, para que consiga ouvir a voz de seu amo. Mas isto não basta; ele deve também aprender a conduzir, a atrelar e a alimentar o cavalo, a cuidar dele e a conservar bem a carruagem, porque de nada serviria compreender seu amo, se não estivesse em condições de fazer o que quer que fosse. O amo dá a ordem de partida. Mas o cocheiro é incapaz de arrancar porque o cavalo não foi alimentado, não foi atrelado e o cocheiro não sabe onde estão as rédeas. O cavalo são as emoções. A carruagem é o corpo físico. O intelecto deve aprender a comandar as emoções. As emoções arrastam sempre o corpo atrás delas.

Há um longo caminho para organizar essa complexidade que somos nós, mas é necessário começarmos...

Meu ideal de vida é que todos nós venhamos a conseguir!

Texto adaptado de: Marilena Rodriguez - Terapeuta Holística